quarta-feira, outubro 29, 2003

Daedalus De passagem, no autocarro
Um amigo confidenciou-me que uma vez se apaixonou por uma rapariga que passava num autocarro, já não sei de que linha, nem ele. A figura efémera, esgarçada pelos vidros sujos de uma tarde lamacenta de Novembro, assomou-lhe súbita, rasgando-lhe a consciência e aspirando a sua alma para a ventura de um momento irrepetível. Naquele momento ele foi feliz como nunca foi ou voltaria a ser. Perguntei-lhe: como poderias não amar uma imagem que te prometeu a felicidade?
A Natureza do Mal SMS
O meu telemóvel inteligente escreve Dr em primeira opção e muda para tu só a pedido. Completamente despropositado, no suporte rei de conversas íntimas.

// posted by Sofia

terça-feira, outubro 28, 2003

A Memória inventada Paisagens de Nova Iorque: uma vinheta

Há algum tempo que tenho vontade de escrever sobre o Riverside Park, um lugar que fez com que tivesse percebido a força do baseball neste país: são centenas de miúdos aos Sábados de manhã, equipados a rigor e com os pais a sonhar à boleia. É também o lugar de um encontro inesperado com o Cotton Club, que persiste.
(...)
Em suma, é uma paisagem meritória, digna de figurar em qualquer colecção de postais ilustrados desta cidade. Nunca pensei foi que a paisagem pudesse tomar conta de mim.
Há dois dias, quando me virei para Sul, a imaginação disparou. Começo pelo céu, de fazer milagres, com as nuvens a deixar passar o Sol apenas por umas abertas, criando a ilusão dos holofotes celestiais às quatro da tarde. Cá em baixo, um Hudson de prata irrequieta, e tudo o resto meio acinzentado e cheio de reflexos, a pedir filtro para luz polarizada. A língua da ilha estendia-se até ao fim da ténue neblina e os arranha-céus, à esquerda, perdiam-se de vista. Lembrei-me de uma vinheta qualquer, não sei se pelas cores ou pelas formas. O certo é que por momentos tive mesmo de travar pois daí a instantes estaria a pedalar pelos ares. Certas paisagens partilham com os aromas raros da infância a força mobilizadora irresistível, mas não nos transportam de volta ao passado; enviam-nos antes para lugares difícil de cartografar, perdidos no espaço e vagos no tempo.

sexta-feira, outubro 24, 2003

Mar Salgado 'FUMAR MATA': A recente rotulagem tabagística é pura e dura. Mas honesta, pecando por tardia. Sou contra certas proibições e cruzadas moralistas contra certos vícios mas sou totalmente a favor da verdade nua e crua. E a verdade é que o tabaco mata e causa uma série de sequelas nefastas nos seus consumidores. E é bom que estes saibam ou sejam relembrados que assim é.
Chá de Menta «Assim, um poema é ao mesmo tempo verdade e mentira, rigor e desmedida, contenção e efusão, carência e exorbitância, magia e pesadelo, razão e desrazão. É um sim e um não, e ainda um plácido talvez. É mito e desmito. Possui incontáveis sentidos. Artefato verbal, completo em si mesmo, vivendo e respirando o ritmo de sua integridade e concretitude, e ainda o de suas abstrações, graças a um feliz agenciamento de sons e signos, de palavras tornadas imagens e de imagens tornadas palavras, de rimas e contra-rimas, de métricas e contramétricas, o poema pode, contudo, ser recriado e até danificado por qualquer leitor, que lê nele o que deseja ler, e o reescreve mentalmente à sua vontade, como se fosse um ditoso suplente de criador ou um ajudante de mentiroso.

E esta operação do leitor há de ser, sempre, o sinal de eficiência e da serventia do poema, do poder que tem o poeta de converter a sua aventura pessoal numa dádiva pública. Testemunha indesejável ou conviva deslumbrado, falando pelos que não têm voz - seja a voz política do humilhado e ofendido que atravessa a rua ou a voz amorosa do homem ancorado numa mulher - e cantando em nome dos seres desprovidos de linguagem, o poeta jamais está sozinho. Ele não sabe distinguir o seu começo e o seu fim. Sua solidão é ocupada pelo rumor interminável do mundo. É um ser solitário e solidário; uma criatura colectiva. »


por Lêdo Ivo, "Os Melhores Poemas de Lêdo Ivo", Global Editora, 1983.
Ruminaçœs Digitais Nos tempos que correm, temos mais e-mails, e-business, e-money mas menos quem admite e-rrar

sLx

quinta-feira, outubro 23, 2003

aDeus Existirão barcos enquanto existirem estrelas.
DESEJO CASAR Em conversa com um amigo, entre whiskies e cigarros, falamos do seu casamento. Diz-me exactamente o que penso: 'O casamento é, hoje em dia, um dos últimos gestos românticos. E simultaneamente heróicos.'
Assim é, porque as últimas gerações descobriram que qualquer um de nós pode ser feliz com... enfim, fazendo as contas por baixo e para adiantar um número redondo, cerca de 10.000 pessoas. Escolher uma, uma só, assinar um papel, fazer uma festa, e ir para a cama a pensar que aquele corpo nos vai amenizar os invernos para sempre, é coisa digna de um Willliam Wallace.
Paguei a conta à pressa e, com William Lawson a mais no sangue, fui acelerando rápido para o próximo destino. É que ainda me faltam, hmm... cerca de 9.990 pessoas. Hic. LFB
O Blog dos Putos Actualização das pesquisas que provocaram vindas a este blog:

1. o puto paradoxo

Por favor não me procurem. Sou uma pessoa reservada.

(...)

3. putos (2x)

Cada vez mais um clássico

4. coisas para blog (2x)

Mas que coisas?! Que raio de busca é essa? Será que há um Aki ou um Habitat para blogs?

5. cabaret da coxa

Por acaso até gosto.

6. perfeito anormal

Não falo de mim mesmo.

7. blogspot portugal ensino superior propinas

Cheira-me a jornalista a tentar escrever um artigo...
do lado de cá É doloroso aceitar o facto de que quando o despertador toca não é engano. O sol que já espreita pelas frinchas do estore não nos deixa fugir - fazemos parte de um novo dia.
[Nisto, a nibs é certeira: 'Os dias podem estar mais pequenos, mas as noites não estão maiores.']
flor de obsessão SILÊNCIOS: Quem tem um blog individual como este, feito do tempo possível, escreve quando quer e sobre o que quer. Eu não tenho escrito nada sobre Paulo Pedroso, as escutas telefónicas e a pretensa crise do PS. Percebo a importância destes assuntos e a sua presença esgotante em jornais e televisões, mas não creio que se possa dizer algo válido no meio de toda esta névoa mediática, deste precipitado de factos confusos e inclassificáveis. O excesso de barulho não é bom para pensar. Devemos esperar que os factos assentem. O que faz de um escândalo um escândalo, é uma atitude verborreica e incendiária, cheia de ruído e acusações. Não é a minha. Prefiro estar calado e assistir. O escândalo Pedroso tem sido um escândalo de vítimas. Todos se queixam. Ninguém assume o seu papel. Ninguém se coloca à altura. Estamos à mercê dos pequenos. Veremos a seu tempo que os pequenos nunca são dignos de si.

quarta-feira, outubro 22, 2003

Em Busca da Limpida Medida É só isto

São 6:05 da manhã...e estou estupidamente feliz.


posted by Puto Paradoxo 6:06 AM

terça-feira, outubro 21, 2003

ABRUPTO RECOMENDAÇÕES DE S. BERNARDO

«Ainda que conhecesses todos os mistérios, toda a vastidão da terra, toda a altura do céu e a profundidade do mar, se te ignorasses a ti mesmo, serias como aquele que constrói sem alicerces e prepara não um edifício, mas uma ruína. Tudo o que construires a teu lado não será senão um monte de poeira que o vento dispersa. (...). O sábio será sábio em relação a si e será o primeiro a beber a água do seu poço.»
atacadores Abrir os olhos e a noite ainda a derreter na luz longe. Frio. Olhos a arder por ter de os abrir dos sonhos onde havia, lembro vagamente, um chão de casa inundado por água do banho, água a correr pelas escadas e rua de pedra; onde havia gritos de reprimenda e um raro caminho até uma gruta de gelado de nata e chocolate. Rio de olhos ainda a alternar na luz/negro/luz/cinza/luz... a alternar no riso/choro/riso. A filtrar imagens que não devia ter visto nesse sonho.
Depois é afastar cobertores, inspirar fundo, saltar para o chão e acreditar que vai fazer calor.
Os dias podem estar mais pequenos, mas as noites não estão maiores.

sábado, outubro 18, 2003

Guerra e Pas Na nossa Literatura nunca há um juiz, um polícia, um mecânico, um operador de telemarketing, um repositor de supermercado, uma contínua numa escola, um motorista de autocarro, um segurança. Os remendos do dia-a-dia pura e simplesmente não têm sítio.

O idealismo das personagens da nossa ficção é tão automatizado quanto postiço. Não acordam de manhã para levar as crianças à escola e fartam-se de falar com elas mesmas, como se a vida fosse este diálogo perpétuo (há excepções brilhantes, como é último de I. Pedrosa). É muito mais que isso.

A falta de uma Literatura nossa sobre nós, rouba-nos muito do chão que precisaríamos e como Lobo Antunes exige todo o ser e o tempo, é altura de, algures no meio, deitarmos mãos à obra. Uns a escrever, outros a criticar, outros a desafiar, outros a publicar. Para que muitos possam ler e comprar.

Uns já começaram, diga-se. Moçambique de FJV e Equador de MST são dois livros onde, além da eventual intenção programática dos autores, há personagens que são como nós.
(o vento lá fora): Os blogs vistos :P de fora JPP bloga como toda a gente: fala de si, das suas leituras, dos seus gostos musicais, das suas viagens. Em suma: partilha. A partilha de conhecimento, mais que a de informação, é o coração dos blogs. O resto é presunção.

(...)

Repito, os blogs são na essência a forma de publicação pessoal. Ligam as pessoas. A elas próprias (o meu blog é a minha memória, cada vez mais a minha agenda e até o meu ponto de encontro com amigos, conhecidos e leitores). Umas às outras (unimo-mos em círculos de interesses, lemo-nos avidamente, curiosos pela partilha de emoções, de livros, de poemas, de ideias, de imagens, de descobertas). Ao mundo (graças ao hipertexto viajamos pela novidade à velocidade da luz).

Centremo-nos neste último ponto. A ligação ao mundo, antigamente feita quase em exclusivo através de mediadores (os media....) cuja profissão consistia em descobrir as novidades para no-las servirem. Aí sim, há alguma libertação das massas relativamente aos grupos editoriais. Confesso que a vejo com alegria, à libertação... Hoje não preciso esperar por sábado para saber o que aconteceu -- saber, meditar, contextualizar, interligar -- nesta e naquela área científica, política, social.

(...)

Pelo contrário, os blogs têm memória. Enquanto o papel de jornal vai forrar caixotes, servir de cama aos sem-abrigo e embrulhar vidros antes de ser reciclado, na blogosfera as palavras ficam registadas. Há arquivo. Há memória. Há a cola do hipertexto a lembrar-nos disto e daquilo.

(...)

Onde estes passam os blogs ficam. Infinitamente mais acessíveis a quem deles precisa do que os arquivos dos jornais, fechados à sociedade e de consulta paga.

Os blogs estão mais perto dos livros que dos jornais. Essa é que é essa!

(...)

Um diário é um diário, ponto final. Há diários que vale a pena ler, outros nem tanto. Onde está a novidade? Na liberdade de manter um diário multiusos, praticamente gratuito e acessível quase de borla a quem o quiser ler. No gozo de exercitar os dedos e desenferrujar os neurónios pesquisando a novidade, desenterrando o esquecido, expondo o ridículo, discorrendo sobre o acessório, aprofundando o fundamental, tudo isso em partilha com o outro, os outros, que não são sombras fugazes na pantalha nem manchas coloridas em papel de jogar fora, são pessoas que comentam, criticam, acrescentam ou subtraem. E desse gozo que se alimentam os bloggers. Um alimento antes reservado a muito, mas mesmo muito poucos.

sexta-feira, outubro 17, 2003

flor de obsessão Ivan Lessa escreve aqui sobre Portugal e diz estas duas verdades irrefutáveis:

O futebol português, eu prefiro não mencionar. Um país com um time chamado Leixões merece a ração diária de telenovelas brasileiras.

Ler sobre as atualidades políticas é formidável, porque não se entende nada do que aconteceu, está acontecendo ou pode acontecer.


Nada como ver de fora.

quinta-feira, outubro 16, 2003

Ponto & Vírgula As minhas virilhas.

Nunca fui especialmente ligado à política. Aqui há tempos percebi que qualquer adulto que se preze tem que ter uma postura política. Bem vistas as coisas, tudo na vida se resume a uma escolha primordial: esquerda ou direita. Ainda antes de saber chamar as coisas pelos nomes, sabia que preferia o gelado da esquerda, em vez do que estava mais à direita na montra. Mais tarde aprendi que era a mão esquerda que empunhava o garfo e não a sua congénere do lado oposto, como é mais comum. Há uns anos percebi que todos os valores em que acreditava eram ou de esquerda ou de direita.

Continuo apartidário (como sempre fui), muito pouco político (no sentido concreto do termo), mas a verdade é que quando o alfaiate me perguntou 'para que lado é que o meu amigo aparta?', a resposta tornou-se clara.
microcosmos Gosto muito e sinceramente tenho inveja do Calvin. Tenho inveja de tudo o que faz, de tudo o que vive, de tudo o que consegue imaginar. Invejo-o pela amizade que mantém com o Hobbes, é sincera. Invejo-o porque ainda acha que o pai Natal existe. Invejo-o porque come coisas muito engraçadas, porque faz bonecos de neve fantásticos, porque consegue fazer coisas muito imaginativas, embora infrutíferas, para obter o que quer. Mas invejo-o mais pelo facto de que vai ter sempre 6 anos.
Ele consegue divertir-me e pôr-me bem disposto como ninguém. Compreende o mundo de uma forma muito própria e muito perspicaz, tudo o que diz é exactamente o que esperamos que o Calvin diga. Com o Hobbes está completo e consegue retirar da vida e das situações as coisas mais fantásticas que eu alguma vez vi. Apesar de todo o seu 'aparato', a sua inocência manifesta-se muitas vezes e de uma forma enternecedora, afinal é apenas um miúdo.

quarta-feira, outubro 15, 2003

do lado de cá Todos os dias, quando o sol já deixou há muito os últimos raios, o casaco atirado para cima da cadeira, as chaves esquecidas em cima da secretária e o corpo cansado rendido nas almofadas do sofá não nos mentem - somos chão que já deu uvas.
O Incontornável
O genial, (ou idiota) é o facto de se conseguir seleccionar uma ideia entre várias, como se escolhessemos qual o figo a apanhar naquelas suculentas figueiras algarvias e digeri-lo saborosamente. Todos têm ideias geniais, mas poucos conseguem transferi-las para algo de concreto seja palavra, objecto, acção. Quantas ideias perdidas por falta de tempo de espaço já deixamos cair no esquecimento. Ocasionalmente temos ideias fantásticas mas porque não podemos apontá-las ou pensá-las visceralmente até se formarem feto estas nunca conhecem o dia do seu parto. São como nado-morto, que só viu a vida de relance, num glimpse(que por acaso em Inglês tem os dois sentidos; ideia remota e vislumbre).
Outro, eu Seixos Outra modalidade de regresso ao passado: a histeria nostálgica em torno de um grupo de dinossauros do rock. Os Rolling Stones tiveram o seu tempo há muito tempo. Não serei eu a criticar quem foi vê-los a Coimbra. Visitar um museu é sempre um acto de cultura.

terça-feira, outubro 14, 2003

Retorica e Persuasao Mais do que tribuno ou orador, Pacheco Pereira parece-me um dialéctico, um argumentador nato. Preferirá sempre, por isso, aquele diálogo animado em que as próprias perguntas do interlocutor lhe servem de guião, motivam e iluminam o seu responder. Refiro-me, naturalmente, ao diálogo real e não àquele que é (bem intencionadamente) simulado pela Jornalista de serviço.
Azul cobalto. Não desisti de voltar a ler a Ana. Ia ao Modus todos os dias, na espera incerta do regresso. Não fechou portas, creio antes que abriu janelas.

É bom tê-la de volta, reencontrar a lucidez, a delicadeza e a sensibilidade que sempre nos oferece seja ou não no registo intimista.

E se, como dizia Sartre no seu mundo desencantado, 'o inferno somos nós', valha-nos a coragem de renascer, apesar e para além do inferno dos outros.

sábado, outubro 11, 2003

Modus Vivendi As contradições que a vida encerra presenteiam-nos constantemente com facas de dois gumes: a liberdade pode ser solidão, a independência pode ser dor, a coragem pode ser perda de doçura. E vice-versa.

sexta-feira, outubro 10, 2003

little black spot little black spot é um nome que cresce em significância: a blogosfera amplia a noção da minha pequenez. a cada passo me torno minúscula, encolhida, insuficiente. a consciência da minha ignorância arrasa-me. entretanto, poderá acontecer que tão pequenina me faça que me torne invisível - se não para os outros, talvez para mim.

quinta-feira, outubro 09, 2003

Ruminações Digitais Pontos de vista

As palavras lidas escondem o tempo que as separou a escrita.
Destination_myself Que capacidade é esta de um blog nos dar assim tanta certeza da nossa existência? Parece que corria contra o tempo... para nascer! Como se o espaço fosse ficar saturado e não restasse um vazio para mim. Agora já existe.. e é meu, só meu! Falo comigo como nunca falei ao espelho.
Nunca tive muita paciência para diários... nos diários era eu. Aqui sou eu e mais alguma coisa... essa coisa que leio, escrevo, a quem respondo, com quem converso.
Em Busca da Limpida Medida Lindíssimas nuvens sobre o céu de Lisboa

Estão a desfilar num cortejo cheio de silêncio e majestade, com a solenidade do Outubro começado e a promessa de tempos magníficos
Aviz O mundo ainda tem coisas perfeitas para revelar.
Nao Esperem Nada De Mim Conheci a minha mulher numa marcha de caloiros. Havíamos acabado de entrar na faculdade, eu era tímido e ela extrovertida, julgo que ambos tínhamos medo -- e andámos quilómetros atados por um cordel, entre a Junqueira e Belém, a gritar insultos aos caloiros da Universidade Lusíada: 'Não entraram! Não entraram!' Só doze meses mais tarde a convidei para dividir um programa de rádio comigo, só catorze meses mais tarde olhei para ela com olhos de olhar e só dezasseis meses mais tarde lhe dei o primeiro beijo -- deu-mo ela a mim.
Lembro-me disto sempre que começa um novo ano e os caloiros desfilam esborratados pelas ruas. Eu e a Estela estamos casados há três anos, vivemos juntos há cinco, namoramos há dez. E, no entanto, estive atado a ela durante uma tarde inteira, uma tarde de intensa humilhação, de intensa solidariedade entre os humilhados, e depois esqueci-me disso durante um ano. Por isso, acredito no acaso e nas coincidências. Nos acasos felizes e nas coincidências inesquecíveis.
A Sombra Para nós tenho algumas, ainda. Para os que escrevem, sobretudo. Para os que o fazem no mesmo registo do Fernando Cameira, em especial. Para os que sabem que, um dia, as suas palavras escritas vogarão perdidas por este espaço, esperando uma leitura improvável... Impossível. E escrevem.
E escrevem...
blog do veneno eficaz Nada a provar nada a negar. Pensar. Pode ser interessante ler mas muito também o experimentar. Pensar sem medo e reflectir sobre esses pensamentos, construir teses sem vergonha do que os outros pensem. Pode ser que se abram novas portas e outros mundos assomem…